GRANDES NOMES DO DESIGN FORMAM A BASE DA "EM CASA 3POR3"



          A atual exposição da Galeria Teix, a "Em Casa 3por3", foi centrada em três grandes nomes do design mundial: Sérgio Rodrigues, Lina Bo Bardi e Bernardo Figueiredo. No post de hoje falaremos um pouco sobre cada um desses famosos designers e de suas criações.

Mostra "Em Casa 3por3"

Sérgio Rodrigues
(Rio de Janeiro, 1927 – Rio de Janeiro, 01.09.2014)

Sérgio Rodrigues
              Arquiteto e designer carioca, Sérgio Rodrigues foi um dos pioneiros a transformar o design brasileiro em design industrial e a torná-lo mundialmente conhecido. Formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1952, e iniciou seu trabalho como arquiteto no projeto do Centro Cívico de Curitiba. O auge de sua carreira foi entre os anos 50 e 60, quando trabalhou com design de móveis modernos no Brasil, trazendo a identidade brasileira para seus projetos, tanto nos desenhos quanto nos materiais trabalhados – couro, palhinha e madeira.
          Foi também o fundador da indústria Oca, um dos estúdios de arquitetura de interiores e cenografia mais importantes para a indústria do mobiliário brasileiro. Em 1968, montou seu próprio ateliê de design de móveis e arquitetura, no Rio de Janeiro, por meio do qual realizou vários projetos nacionais e internacionais, como a Embaixada do Brasil em Roma, e o Palácio do Itamaraty e o Teatro Nacional, ambos em Brasília. Em 1973, fundou a empresa Sérgio Rodrigues Arquitetura, que funciona até hoje no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.

Poltrona "Aspas" ou "Chifruda"

"Aspas" na "Em Casa 3por3"

           A espetacular poltrona "Chifruda" foi criada por Sérgio Rodrigues em 1962, quando o arquiteto montou em sua loja Oca a exposição "O Móvel como Obra de Arte".  Inspirada em ossos de animais pré- históricos, ficou anos fora de cena, pois do protótipo original da poltrona foi produzida apenas uma unidade, em jacarandá e couro, que se perdeu. O nome original era "Aspas", mas ela ficou mundialmente conhecida como "Chifruda".
          Após muitos anos perdida, a peça reapareceu em 2008, sendo arrematada por um americano pela bagatela de 30 mil dólares. Chamado para restaurar a poltrona, Rodrigues teve a ideia de reeditá-la. A Mendes-Hirth realizou uma verdadeira arqueologia de design para recuperar a peça, que foi relançada em 2009, em edição limitada e numerada, na Espasso, loja de Nova York especializada em design brasileiro.


Lina Bo Bardi
(Roma, 5.12.1914 – São Paulo, 20.03.1992)

Lina Bo Bardi
             Achillina Bo, mais conhecida como Lina Bo Bardi, foi uma grande arquiteta modernista italiana que teve grande impacto na arquitetura brasileira. Estudou na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma durante a década de 30. Depois mudou-se para Milão, onde trabalhou para Giò Ponti, editor da revista Domus. Casou-se com o jornalista Pietro Maria Bardi em 1946 e, no mesmo ano, após a guerra, partiu para o Brasil.
          Aqui, Lina encontrou uma possibilidade de concretização das ideias propostas pela arquitetura moderna. Instalou-se em São Paulo, projetando e construindo, mais tarde, a Casa de Vidro. No final dos anos 50, iniciou uma temporada na Bahia, onde dirigiu o Museu de Arte Moderna e fez o projeto de recuperação do Solar do Unhão. Em 1958, projetou o MASP, em São Paulo, considerado sua obra prima. No final da década de 70, executou uma de suas obras mais paradigmáticas, o SESC Pompeia.


SESC Pompeia, em São Paulo

           Na década de 1980, elaborou projetos de restauração no centro histórico de Salvador. Lina manteve intensa produção cultural até o fim da vida, em 1992, e morreu trabalhando, o que era um de seus desejos.

Mesa e Cadeira "Girafa"

Mesa "Girafa" na "Em casa 3por3"
            Em 1986, Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki iniciaram um grande e ambicioso trabalho de recuperação do Centro Histórico de Salvador. Lina odiava tudo o que via no mercado do mobiliário e foi aí que eles pensaram em projetar pelo menos parte dos móveis para os projetos.  Apesar de uma resistência de Lina, que alertava o grupo sobre possíveis frustrações comerciais e de plágios (como as que teve com a sua própria marcenaria, a Pau Bra, ainda nos anos 50), criaram, juntamente com Francisco Fenucci, uma empresa para executar trabalhos de qualidade no campo do mobiliário, a Marcenaria Baraúna.
         Por meio dela, transpuseram para o mobiliário o raciocínio arquitetônico, baseado na lógica estrutural forte, em que a construção dos móveis é deixada à vista, explícita, sem trucagens, dissimulações ou acréscimos decorativos. Desde o início, a opção foi por desenhos modernos, de linhas simples, livres das tendências e trejeitos da moda, buscando sua matriz na conjugação da riqueza da cultura popular brasileira em suas formas e soluções vernaculares com as lições dos grandes mestres da arquitetura e do design.

Banco "Stool 60", de Alvar Aalto, e mesa e cadeiras "Girafa", de Lina Bo Bardi

           Começaram por estudar os móveis de Alvar Aalto: os famosos banquinhos de três pés, geniais e universais. Tomaram esses banquinhos como base de uma nova cadeira, que mais adiante se tornaria a "Girafa". Adaptaram o compensado para a madeira maciça brasileira, mais resistente e pesada, e trabalharam por meses em desenhos e inúmeros protótipos na Baraúna. O grande teste foi sentir a reação dos amigos e clientes da Bahia. Roberto Pinho, secretário de projetos especiais de Salvador na época, e o prefeito Mário Kertész, logo se encantaram com a peça.


Bernardo Figueiredo
(Rio de Janeiro, 1934 – 24.05.2012)

Bernardo Figueiredo
           Formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, Bernardo Figueiredo se encantou pelo design e encantou o design com suas peças. No auge da sua carreira, na década de 60, criou sua própria linha de móveis residenciais e desenvolveu 80 peças em menos de seis anos. Ficou conhecido pelos desenhos dos móveis que decoraram o Palácio dos Arcos, atual Palácio do Itamaraty, criados quando Brasília comemorava seus primeiros anos de vida.
          Nos anos seguintes, Figueiredo voltou-se para a arquitetura, a frente de seu escritório Arquitetura Espacial, no Rio de Janeiro. Seu trabalho no ramo moveleiro acabou sendo relançado no início de 2011, um ano antes de sua morte, pela Schuster Móveis e Design.

Bernardo Figueiredo e Sérgio Rodrigues, no stand da Schuster, na terceira edição do Salão Design Casa Brasil, em 2011

          A trajetória de Bernardo como designer foi marcada pela valorização de materiais genuinamente brasileiros, como a madeira e a palha. Entre as suas peças que foram reeditadas estão a poltrona "Rio" e o sofá "Conversadeira".

Sofá "Conversadeira"

Sofá "Conversadeira" na "Em Casa 3por3"
          Bernardo tinha cerca de 30 anos quando foi chamado, juntamente com outros arquitetos, para desenhar móveis para o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. A ele coube o Salão de Recepções, a Sala para Conferências das Embaixadas e a Sala Bahia, para pequenos banquetes. Foi quando o sofá SO-02 recebeu o nome de "Conversadeira".


          Na época, em 1967, a peça recebeu veludo capitonê. Já na sua reedição lançada pela Schuster, em 2011, foram mantidas a madeira e a palhinha, e o tecido foi escolhido no sentido de valorizar a brasilidade presente nas criações de Bernardo Figueiredo.

Sofá "Conversadeira" em veludo capitonê, no final da década de 60

          A mostra "Em Casa 3por3" fica em exposição até o próximo sábado, dia 29 de novembro. Ainda dá tempo de conferir!


SERVIÇO:

Estúdio e Galeria Teix
(41) 3018-2732 | 3019-2294
Av. Vicente Machado,666 - Batel Soho
estudioteix@gmail.com


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